quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

 

TESES SOBRE ÉTICA MATERIALISTA

 

1ª - O fundamento de toda a realidade, quer a existente (a que conhecemos), quer a que não conhecemos ainda segundo os critérios científicos consensuais, é material. Matéria ou Natureza é a única forma de existência real ou potencial. Não existe outras possibilidades para a existência de algo fora da Matéria ou Natureza. Portanto, Matéria entende-se as múltiplas formas naturais, já extintas, não exitintas, possíveis de existir naturalmente, que excluem como não reais, não existentes, não possíveis de existir, tudo aquilo que não é natural, ou que se entende como puramente espiritual.

2ª - Esta tese é comprovada pelos conhecimentos e métodos atuais das ciências. São elas as que nos apresentam os fatos mais verdadeiros. O que não sabemos explicar nas suas causas e consequências, saberemos um dia se o progresso do conhecimento científico permanecer. Assim, não necessitamos de recorrer a religiões, misticismos e ilusões, para considerar verdadeiras explicações que a ciência não admite ou não virá a admitir. Se existem ainda religiões e misticismos é porque o conhecimento científico não convenceu quem o ignora. A maneira mais habitual de convencer das verdades científicas (e não existem outras) é produzirem-se efeitos práticos que tragam vantagens aos seres humanos. “Pior que a miséria, é a ignorância!”, proclamou Victor Hugo.

3ª- A Matéria é uma designação que usamos me Filosofia para contrapor e negar Espiritualidade. O pensamento humano é não é espiritualidade, não é entidade independente da natureza. O pensamento derivou da natureza, é natureza e embora se conheça bastante sobre a sua ligação ao resto do copor através do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino, continua-se a avançar na compreensão da sua evolução natural e corporal. Máquinas super inteligentes vão sendo construídas passo a passo, porém jamais alcançarão as potencialidades emocionais-cognitivas do pensamento humano, Não conhecemos, de resto, todas as potencialidades do próprio céregro e pensamento humano. Também o cérebro como fonte criadora não parará de evoluir se as condições materiais-sociais continuarem a permitir a reprodução e aprendizagem.

4ª - A aprendizagem na espécie humana há muito que se ensina e se transmite socialmente; portanto, a criação não dependeu, nem depende, somente da evolução natural.

5ª As categorias filosóficas para se entender o que a ciência descobre são as seguintes: relação, reciprocidade, movimento, emergência, extinção,reprodução, conservação, transformação da quantidade em qualidade, diversidade, adaptação, evolução, diferença, comum, fundamental e essencial, fenoménico, causa e efeito, casualidade, possibilidade e impossibilidade, repetição.

6ª As sociedades humanas são criações distintas da evolução espontânea e inconsciente natural, mas não ontologicamente diferentes : neste sentido são continuações da Mate´ria ou Natrureza, quer sejam terrestres, quer possam ser extraterrestres. Nada acontece exterior à Natureza.

7ª- Quer o Universo haja iniciado a sua formação pela chamado Bigbang (teoria consensual atual), um átomo que concentrou toda a energia de um universo anterior, quer haja sido de outra forma, o universo que habitamos surgiu de algo e não surgiu do nada absoluto (não existiu por definição) nem por vontade de um Ser criador; este universo assim como nasceu, também irá morrer, como se admite cientificamente; da sua extinção surgirá provavelmente outro universo, provavelmente diferente, e assim sucessivamente pela eternidade fora: a Natureza.Matéria é inifinita e sem limites, este universo é finito.

8ª- Nada impossibilita que existam outras formas de vida e outras formas de inteligência viva neste universo; nada impossibilita que sejam abundantes e que algumas sejam superlativamente mais avançadas evoltivamente que a nossa inteligência humana. Contudo, não é impossível que venhamos a encontrá-las frente a frente dada a imensa extensão que nos separa, o que não impossibilita que venhamos, nós ou essas outras formas d einteligência de encontros comunicacionais. Não estamos sós neste Universo. Nem este universo está só. Existem formas de energia criadas por este universo, não necessariamente existentes nos anteriores ou nos que existem além deste, porém o rermo ou categoria filosófica de Matéria angrande todas as existentes e possíveis formas de Energia, e todas são naturais, criadas nas interações e interrelações entre as partículas quânticas.

9ª- A Vida, isto é, todo o exsitente composto de matéria orgânica capaz de se reproduzir, surgiu de interações físico-químicas em condições materiais que conjugaram neste planeta e que, ao contrário, do que sucedeu em Marte, conservou-se, A Vida conservou-se devido a mutações, adaptações e extinções, em que casualidade e ncessidade se combinaram de formas extraordinária (que não repetiriam em condições físico-químicas adversas). Assim como surgiu a Vida pode extinguir-se na Terra, excepto provavelmente as formas mais elementares de organismos vivos ou semivivos (vírus), a Terra não está livre de catástrofes naturais que ou a convertam num planeta morto, ou extingam as formas de vida que conhecemos atualmente, pois que o planeta já sofreu pelo menos cinco extinções. Portanto, o planeta que habitamos que vulnerável, quer por nossa atividade testrutiva, quer por catástrofes naturais (a explosão de uma estrela pode extinguir por radiação a vida neste planeta), alterações no eixo da Terra podem provocar Idades do Gelo.

10ª- Em consequência das teses anteriores, a Vida é a categoria fundamental de todas as explicações sobre a natrureza da espécie humana atual, explicações quer filosóficas, quer científicas. Sem Vida não falaríamos de corpos e cérebros pensantes, de sociedades humanas ou animais. Não falaríamos de Evolução.

11ª- Portanto, todo e qualquer organismo, do mais simples ao mais complexo, querem sobreviver a todo o custo que nascem, dependentes mais ou menos dos progenitores e do meio ambiente em que foram gerados. Se puderem sobreviviver adaptar-se-ão ao ambiente, se não transformarão os ambientes para que estes não os extingam e lhes fornçam o sustento. Não se trata de “egoísmo natural”, porque não sequer consciência de um “eu”, mas de conatus como escreveu Baruch Espinosa, ou seja instinto de conservação. Dizemos instinto, porque é a forma de designar uma atividade puramente espontânea e herdada dos organismos. A aprendizagem ou reação a determinados estímulos específicos, reforçam a tese: se não existir inclinação natural para resistir à morte, o organismo não aprendia, não reagia a estímulos externos.

12ª- Os organismos exibem múltiplas formas de resistência à morte, de aprendizagem modelando instintos com respostas a estímulos externos, que vão desde aqueles que mal necessitam da progenitora (ou do progenitor que somente os protege no ovo) logo que nascem, até aqueles que necessitam dela vários anos de vida dependente. Todas essas variações surgiram no decurso de mutações bem ou mal sucedidas, combinações de elementos biológicos de uns e outros organismos (o olho humano, o ouvido, e outras “peças” do nosso organismo que evoluiram de partes de organismos marinhos.). Não existe coisa nenhuma na nossa espécie que seja oriunda de outras origens primitivas que não fossem naturais e terrestres.

   A base económica

A recolha de alimentos oferecidos pelos ambientes naturais e a transição (local e regional conforme condições geográficas) para a produção dos alimentos, compõem as bases da história das formações económico-sociais (histórias bem diversas). A economia, tomada neste sentido, determina a história da espécie humana. Os modos como se produziram os bens (sofrendo eles mesmos mudanças) organizaram determinadas relações entre os indivíduos e, simultaneamente, orgazizaram-se conforme essas relações. Durante períodos de tempo mais ou menos longos exitiram - e podem sempre existir - correspondências entre os meios com os quais se produzia e as relações entre os indivíduos; noutros períodos de tempo essas correspondências quebraram-se. É nesses períodos em que as transformações dos meios exigem novas relações que se verifica o inverso : surgem novas relações sociais que exigem transformações nos meios de produção dos bens procurados pela sociedade (seja na sua totalidade ou por determinadas camadas). Tais relações sociais novas não deixam de ser o que são : económicas em última instância. Podem ser políticas, morais (nomeadamente religiosas), culturais (ou ideiais) de modo geral, contudo a economia não perde o seu papel básico. Pedir “fraternidade” a uma formação económico-social dividida por exploradores e explorados, opressores e orpimidos, conquistadores e conquistados, é pura perda de tempo, se não for uma manobra dos dominadores para se ocultarem. Todavia, se nas velhas e rotineiras relações sociais surgiram novas divisões do trabalho, novas organizações dos modos de trabalho, um planeamento mais racional, os meios de produção recebem novos impulsos de desenvolvimento. O planeamento da economia não se reduz a uma noção restritiva da economia pois pode incluir ideias, planos, projetos e colaboração de diversas vertentes das ciências, das técnicas, das culturas, das políticas (por exemplo da propaganda, dos estímulos e das formas de emulação, da psicologia social edas ideologias políticas-morais). A produtividade do trabalho pode receber fortes impulsos e consequência de nvas formas de propriedade e de cooperação decididas politica e moralmente.

  Economia, política e moral

Assim, a moral pode intervir na economia, tal como a política intervem neste e na moral. Entendo aqui por política a acção relativa ao Poder e entendo moral o conjunto de regras para o comportamento que definem o que é bem ou mal, bom ou mau para o indivíduo, mas sobretudo para a sociedade, um coletivo de indivíduos. Em comunidades rurais tradicionalistas e conservadoras as regras morais transmitidas de pais para filhos possuem maior peso sobre o comportamento, as crenças e as relações no quotidiano, do que as leis definidas numa Constituição Política. São múltiplos os exemplos comprovativos do peso decisivo da moral religiosa (o que é uma redundância: toda religião é uma moral) sobre decisões económicas e políticas (em determinados períodos o dinheiro era um objeto de censura). A Europa medieval formada nos inícios do segundo milénio guiava-se por motivos religiosos para justificar a formação de um império da cristandade, um império romano critão, ou império romano cristão a ocidente, embora ela não fosse mais que um manto de retalhos que apenas se uniram pela força de novos impérios. Não se justificava assim apenas, não apenas se justificava a guerra e o ódio aos povos islamizados (também eles mesmos conquistadores e imperialistas), mas uniam-se uns inimigos uns aos outros contra um inimigo comum e mobilizavam-se senhores e servos.

            A moral dos revolucionários

  As novas classes que emergem e desempenham papeis fundamentais na organização social, quando se reconhecem como tal, entram em colisões com o poder das velhas class<es classes. Exigem direitos compatíveis com os novos valores éticos-civilizacionais, com o papel que desempenham nas esferas produtiva e cultural. É oq ue sucede com os trabalhadores que se reconhecem como classe ou classes (depende da definição de classe) injustiçadas e indignadas contra o parasitismo e as barbaridades cometidas por um capitalismo de multinacionais ou corporações globais imperialistas às quais apenas interessa a acumulação de dinheiro. Emerge uma nova moral. Uma nova moral que está sintonizada com reivindicações políticas (mais leis favoráveis, mais direitos, mais poderes). Uma nova moral onde ressaltam exigências de mais respeito e mais reconhecimento, que mostra indignação com a corrupção impune, as guerras, os negócios sujos da droga e da exploração das mulheres que lhe anda associada, etc. Etc.

     Estes são os elementos de uma nova moral. Alguns eelementos. Fruto dos determinismos económico-sociais em última instância mas gozando de grande autonomia no modo de crer e agir.

  Assim sendo, logicamente que esta nova moral quando se constitui como um projeto revolucionário (ele próprio tomado aqui no sentido genérico, pois pode e é sempre composto de diversas modalidades) emancipador, é muito mais humanista no sentido moral (e o humanismo possui outro sentido acaso?) que os valores   do humanismo liberal. De resto, os valores liberais foram sofrendo modificações ao longo destes séculos de dominação do capitalismo. Não só progredindo, como regredindo. Ou sucedendo as duas coisas ao mesmo tempo: progridem valores respeitantes ao géneros e a direitos humanos, e regride-se para fases de maior exploração e barbaridade.

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